Pesquisa criativa: raízes para a imaginação voar
- Suzana E. C. Simione
- 24 de ago.
- 3 min de leitura

Você já parou para pensar quanto tempo um escritor dedica à pesquisa antes mesmo de escrever a primeira linha?
Umberto Eco, por exemplo, passou anos em arquivos antes de criar O Nome da Rosa. Pois é…
Pesquisar, ler o máximo de obras possível sobre o assunto que você pretende abordar em seu próximo trabalho literário, é mais do que importante: é fundamental para o sucesso.
É o que dá autenticidade ao tema e aos personagens, contextualizando-os no tempo e no espaço.
1. Por que a pesquisa importa?
A pesquisa é o alicerce invisível da boa escrita. Ela dá credibilidade ao texto, já que, mesmo na fantasia, a coerência nasce de referências reais.
Além disso, funciona como fonte de inspiração: um detalhe pesquisado pode transformar-se em uma cena inteira. A informação certa abre caminhos novos, estimula soluções criativas e ajuda a evitar os clichês.
Sem pesquisa, a imaginação corre o risco de flutuar sem direção. Com ela, cria raízes — e, a partir delas, pode voar ainda mais alto.
2. Onde e como pesquisar?
Agora que já sabemos por que a pesquisa é vital, vem a pergunta prática: onde buscar informações confiáveis e inspiradoras?
a. Livros e artigos, acadêmicos ou de divulgação.
b. Documentários, podcasts e entrevistas.
c. Pesquisa de campo: observar lugares, conversar com pessoas, visitar ambientes (um café, um hospital, uma delegacia ou até mesmo uma cidade).
d. Ferramentas digitais, como bibliotecas virtuais, Google Scholar e fóruns especializados.
e. E, claro, as bibliotecas físicas — carregadas de boas energias e aquele cheirinho de papel que fala direto à nossa alma de escritores.
3. O equilíbrio: pesquisar sem se perder
Aqui mora um risco: pesquisar demais e nunca escrever. É como uma caneta sem tinta, que é inútil — ou seja, muita promessa, pouca prática.
Algumas dicas para equilibrar:
1. Use técnicas como o timeboxing: determine um período para pesquisar (ex.: uma hora) e, em seguida, dedique o mesmo tempo para escrever.
2. Faça fichas rápidas, com lembretes que poderão ser aprofundados depois.
3. Pergunte-se: do que realmente preciso agora? Muitas vezes nos perdemos em curiosidades paralelas e nos afastamos da ideia principal.
4. Transformando pesquisa em narrativa
A pesquisa só brilha quando se transforma em história. Por isso, insira os detalhes de forma natural e sensorial: sons, cheiros, roupas da época, arquitetura típica.
Evite despejar informações cruas. Prefira que os dados surjam através das experiências dos personagens.
Um exemplo: em vez de escrever “em 1822 as roupas eram assim”, mostre um personagem suando e lutando para vestir um traje pesado no calor. Muito mais envolvente, não?
Assim, a imaginação, com raízes firmes na pesquisa, tem liberdade para voar em novas direções.
Um desafio para você:
Escolha um detalhe simples para pesquisar hoje — pode ser algo como: “o que havia na bolsa de um soldado romano?”.
Depois, escreva uma cena de até 200 palavras usando esse detalhe.
Para terminar...
Pesquisar não significa ignorância. Significa atenção, cuidado, dedicação aos detalhes que tornam a sua obra única, sensível e fiel à época, ao lugar e à realidade em que se passa.
Deixo aqui uma frase que me inspira e que espero que também o inspire:
“A pesquisa não engessa a criatividade; ela a liberta, porque dá raízes para a imaginação voar.”
E você? Qual será a sua próxima pesquisa?
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